Chocolates De Mendes ganhou startup do ano por fomentar a bioeconomia com negócio que associa respeito à natureza e às comunidades amazônicas
César De Mendes: ele revelou o cacau nativo da Amazônia para o Brasil
BIOECONOMIA
Nascido em Macapá, capital do Amapá, César De Mendes atuou como engenheiro químico, pesquisador, professor e consultor antes de fundar a Chocolates De Mendes, em 2014.
Filho de mãe quilombola e pai ribeirinho, decidiu dar novos rumos à carreira quando retomou lembranças de infância do suco de cacau feito por sua avó.

O cacau é nativo da Amazônia sul-americana, e César conta que ele se dispersou e gerou muito mais variedades na porção brasileira, onde há mais água e mais floresta. Hoje há cerca de 2 mil espécies nativas e 35 mil variedades adaptadas.
Chocolatier desde 2005, ele decidiu revolucionar a forma de produzir, fazendo parcerias com ribeirinhos e indígenas.
“Entrei na mata atrás das plantas nativas de cacau e das populações que as mantêm. Como o fruto ocorre sobretudo em locais isolados, a parceria com comunidades tradicionais e indígenas de cada região foi um arranjo natural para conseguirmos produzir os chocolates.”

César De Mendes





















De Mendes se estabeleceu em Colônia Chicano, comunidade com ribeirinhos e quilombolas no município de Santa Bárbara do Pará, a 50 quilômetros de Belém. Lá, criou a Chocolates De Mendes.
A empresa comercializa chocolates e cupulates (chocolate de cupuaçu) produzidos com cacau nativo amazônico, usando bioeconomia e comércio justo para ajudar a conservar a floresta, manter e melhorar a vida de populações tradicionais.
"Indígenas, ribeirinhos e caboclos são os verdadeiros donos e guardiões desses materiais genéticos do cacau e parceiros dos empreendimentos com chocolate e cupuaçu. Do que adiantaria eu cultivar esses frutos numa fazenda, colher e produzir chocolate sem o envolvimento dessas pessoas?"
César De Mendes
As visitas às comunidades fornecedoras de cacau ocorrem com mapeamento da De Mendes ou por convite delas. Hoje, 71 povoados fornecem cacau e cupuaçu em toda a Amazônia: de Ashaninkas, no Acre, aos Yanomamis, em Roraima. A empresa também mantém relações com outras 480 comunidades.
"Realizo um treinamento de, em média, 20 dias para a produção de cacau fino. Uma relação próxima, empática e sinérgica faz toda a diferença. A troca de saberes com essas comunidades é inigualável, e todas recebem compensações acima de valores de mercado."
César De Mendes
REPORTAGEM
Aldem Bourscheit

EDIÇÃO
Sílvia Lisboa

IMAGENS
Valter Ziantoni e Mauro Rossi (Barro De Chão)
VÍDEOS Divulgação De Mendes

MONTAGEM
Laiza Lopes

IDENTIDADE VISUAL Clara Borges